A fotógrafa como protagonista da história
Bom, como prometido ao publicar o último texto feita aqui para o blog lá no meu Facebook, chegou a vez de contar uma história com um novo viés. Já falamos sobre os elementos essenciais para se compor uma narrativa: tempo, espaço, personagens e narrador. Contudo, dessa vez eu trago uma experiência que certamente não será repetida da mesma maneira por mim, mas quem sabe você aí possa passar um dia por ela também, que é ser um dos protagonistas da história! Sim! Vou contar sobre minha experiência de viver o casamento do outro lado das lentes…
Primeiro preciso dizer que eu e o meu marido Josias nos conhecemos há mais de quinze anos, nós estudávamos na mesma escola. Depois de alguns anos ele já estava na faculdade de História, e eu estava passando no vestibular. Ele me ligou para me dar os parabéns, mas minha mãe estava ao meu lado e eu fiquei com vergonha, por isso logo deliguei. Mas na mesma semana encontrei um motivo para ir a um local que eu sabia que eu o encontraria. E ali, depois de algumas taças de vinho ele tomou coragem e veio falar comigo.
Em 26 de novembro de 2016 completaram-se 11 anos desde essa noite, e por isso escolhemos essa data especial para o nosso casamento (por coincidência a data foi a mais procurada por outros noivos naquele ano em pedidos de orçamento no site lá do estúdio). Em 2015, depois de noivarmos em uma surpresa linda preparada por ele, não precisávamos mais esperar. Desde criança sempre sonhei em ser uma noiva, além disso, sendo fotógrafa de casamentos e designer de livros de fotografia eu estava com a bagagem cheia de ideias lindas que só me faziam sonhar ainda mais e mais com o nosso grande dia.
Nós somos um casal de poucos e bons amigos, então pensamos na hipótese de um destination wedding/mini casamento. Pesquisando na internet logo encontramos o contato de vários profissionais de casamento em Cartagena (que foi escolhida, através da indicação de alguns amigos, inclusive do nosso fotógrafo e futuro padrinho Guilherme Bastian), por toda a sua parte histórica (a Iglesia Santo Domingo tem a idade do Brasil), divertida e romântica ao mesmo tempo. Como diz meu marido: “Cartagena é uma cidade linda, cheia de cores, vida, música e alegria. Com todas essas qualidades tivemos a certeza que havíamos feito a escolha certa para o nosso destino casamento”.
Os fotógrafos foram conosco, o Nei Bernardes, que dispensa apresentações por aqui, é a pessoa com quem eu trabalho há treze anos, e nosso padrinho de casamento ao lado da Beth, e o talentoso Guilherme, amigo que a fotografia me apresentou. Os dois formaram uma dupla incrível, e me deram muito trabalho com as milhares de fotos que trouxemos na bagagem…
Quando o coche chegou em frente à igreja eu não tinha como não chorar… O que via lá dentro era o meu Josias entrando com os seus pais, com a música que ele mesmo escolheu, cantada em portunhol por uma dupla talentosa que fiquei assistindo ao longo de todo o ano que antecedeu o casamento, foi tão lindo.
Entre sua a mãe e seu pai (que é o maior amor do meu marido). Tudo foi feito para eles, queríamos dar esse orgulho de ver o filho casando na igreja (eles são muito religiosos, e apesar de terem nos apoiado quando fomos morar juntos alguns anos antes, faltava esse dia acontecer). Queríamos que eles vivessem essa experiência de viajar de avião pela primeira vez, que tivessem muitas histórias para contar para os seus amigos e também para os netos que ainda virão…
Quando eu entrei na igreja ali estava minha mãezinha, tão orgulhosa e emotiva ao mesmo tempo. Minha mãe ama o Josias tanto quanto a mim. Ela sabe como ele cuida de mim, e como é o melhor na minha vida. Minha mãe, em lágrimas me deu um beijo demorado, e abraçou o Josias.
E assim ele me recebeu, olhou muito para mim, e disse que eu estava linda, que meu vestido de noiva era lindo: o que mais uma noiva espera ouvir?! Eu sei que foi sincero, porque ao contrário do que ele prometia, ele estava chorando. Ele estava tão emocionado quanto eu.
O Padre Rafael conhecemos uma semana antes do casamento, não podíamos imaginar que ele faria uma cerimônia com tanto carinho. Choramos por Deus ter colocado um Padre tão especial no nosso caminho, choramos por receber o Sacramento do Matrimônio. Nós choramos.
Nós estávamos ali cercados de tão poucas pessoas, mas sabe aquela sensação de que não precisamos de mais ninguém para sermos felizes?
Esse era o clima entre todos, desde nosso primeiro jantar na sexta de noite quando os convidados chegaram na Colômbia, depois no café da manhã, e assim pelos três dias malucos que seguiram. Com essas pessoas compartilhamos o nosso maior sonho, e em troca elas nos deram a sua alegria, a sua energia, os seus sorrisos e suas lágrimas. Somos muito abençoados de termos amigos tão queridos, e de todos esses amigos, que mal se conheciam, terem se adorado tanto!
O dia do nosso casamento, não preciso nem dizer, foi o dia mais feliz da minha vida. Nada do que eu escreva aqui pode traduzir o que eu estava sentido! E para isso servem essas fotos feitas pelos meus padrinhos. Elas me fazem voltar no tempo. Nelas eu posso sentir o sonho e posso ter a certeza de que foi real. Eu vejo a beleza antiga da igreja que casamos…
Eu vejo a nossa alegria e tantos outros sentimentos…
São as fotos mais importantes da minha vida que viraram um livro de histórias confeccionado com tanto carinho pelo nosso padrinho Eduardo.
Esse é o maior bem que o Josias e eu possuímos. A nossa história será palpável para nossos filhos e netos! Foi tudo mais perfeito do que nos meus sonhos mais lindos! Se você quiser conferir um slide show com um pouco mais do que vivemos é só clicar aqui.
Essa experiência de olhar para cada uma das imagens que tenho de recordação do nosso casamento tem trazido a cada dia ainda mais sentido em fotografar e se entregar a cada novo casal de corpo e alma! Temos em nossas mãos a responsabilidade dos registros que fazem valer uma vida! Gosto muito desse pensamento de Austin Kleon, em seu livro “Mostre o seu trabalho” que diz: “Obviamente, quando você está no meio de uma história, como a maioria de nós na vida está, não sabe se é realmente uma história, porque não sabe em que ponto dela está, nem como vai acabar”.
Se você achou que esse texto contribuiu de alguma forma para entender o significado do nosso trabalho enquanto fotógrafos, por favor deixe um comentário aqui! Não só eu, como todo o pessoal do Blog Wedding estamos curiosos…