Fotografia de Viagem { As Férias no Deserto do Jalapão }
Verão (s.m.)
é o que me lembra daquela nossa viagem para ver o mar, que eu fiz só para ver você
(João Doederlein - O livro dos ressignificados).
Eu complemento: para nos ver!
O Jalapão além de ser um lugar paradisíaco, é de difícil acesso, o que facilita incrivelmente o isolamento, o distanciamento do mundo real, e nos aproxima do que é essência!
De ir dormir às 21 horas e despertar as 5 da manhã.
Uma semana de vivências totalmente ao avesso do que tivemos em nossas rotinas diárias anuais até aqui.
De muito silêncio para ouvir o vento cantar.
De abraços para aquecer enquanto o sol brotava ainda frio no horizonte.
No interior do jovem estado do Tocantins (que tem a minha idade: 30 anos) um sertão, deserto, com pouquíssima ou nenhuma estrutura nas suas estradas tão lindas quanto esburacadas fez um fenômeno interessante acontecer…
O fato de sermos guiados na bela Hilux Sw4 bem devagar nos permitiu enxergar tantos bichinhos diferentes,
e, até mesmo, nos encantar com um cachorro que nos parecia quase um lobo guará.
Nós percebemos o céu, as nuvens, a chuva que estava lá longe e se aproximava ao passar das horas,
vinda daquele horizonte extenso e coberto por uma vegetação bastante rasteira e verdinha…
Em poucos meses aqueles mesmos campos na beira da estrada farão companhia ao cenário de seca, pronunciado pelos troncos das árvores com marcas da queimada.
Com marcas do deserto.
O Jalapão é tão bruto quanto inocente e puro.
Intocado.
Intocável.
Começamos o nosso tour por cachoeiras, que através dessas fotos podem
se parecer muito com as que temos aqui no extremo sul do Brasil.
Uma delas em especial foi um presente do nosso guia cantor,
o Geovanne Messias, pois não estava em nosso roteiro.
Por meio de uma trilha chegamos por trás da queda d`água.
A sensação de medo, de que não havia ar para respirar tamanha a força da natureza
jorrando naquele grupo de aventureiros foi tão contraditória porque
existia também a sensação de vida, de força e de superação!
O passeio que não estava previsto, e que foi “apenas” a umas
três horas do nosso percurso inicial nos fez experimentar algo surreal.
Essas imagens estão no nosso slideshow com fotos do celular, clique aqui para ver.
Aprendi a não ter medo da simplicidade e do desconhecido.
Porque pode ser, e será, muito melhor do que qualquer expectativa.
Pegamos a nossa carona com um mochilão de 10kg, ao todo, para mim e o Josias.
Não havia como levar na mala o molho da salada e o iogurte natural integral que eu sou acostumada a comer!
Que bom!
Sem eles degustamos tantos sabores inusitados, tantas comidas caseiras e cheias de amor.
Os sorvetes de frutos locais embalados em um potinho de plástico transparente e uma
fita durex que colava um papelzinho escrito à Bic descrevendo o sabor.
E que sabores.
Ainda bem que tínhamos um casal de novos amigos, que fizeram toda a viagem conosco, com quem podemos compartilhar o pequi, o cajá-manga, o cupuaçu.
A Laura e o Cebola foram um casal de sorte, né?
Nós fizemos muitas fotos, hehehe
Mas Josias e eu fomos de mais sorte, porque além de termos as imagens em uma câmera profissional,
nós tivemos tantas trocas de experiências, dos hábitos de vida deles na cidade grande,
do enorme prazer que o Cebola tinha em disputar a manga quando caia da árvore!
Nós rimos tanto, cantamos desafinados e passamos uma ceia de natal sem tomar banho,
sem nossas famílias ao redor, sem brilho, maquiagem, sem dar presentes.
Nós estávamos presentes!!!
Na madrugada do dia 25 de dezembro, fomos para a trilha da
Serra do Espírito Santo, para contemplar o nascer do sol.
Uma subida de 800 metros no escuro, quase uma escalada para sentir o iluminar do nosso natal.
Foi sem dúvida o pacotinho em baixo da árvore mais lindo da vida!
Na última noite havia secador de cabelos em nosso quarto.
Um convite para voltar de novo aos nossos velhos hábitos que também tem os seus prazeres.
Um simpático convite para levar as experiências desse mundão off e tão cheio de vida para o nosso cotidiano.
O Jalapão é um lugar onde nem a distancia encontra a gente.
É ‘parságada’, onde quero ir para descansar a alma!
A fotografia, bem, essa tem o poder de puxar gatilhos em nossas sínteses neurais.
Nós olhamos pra esses navios voadores no céu e lembramos de tantos momentos lindos que vivemos,
os sons, os cheiros, as texturas exuberantes e surpreendentes deste lugar!
A força das imagens é fazer nos levar de volta, enquanto fazem vocês imaginarem,
aí do outro lado, como seria estar por lá também.
A fotografia é como uma janela que me ensinou que o mundo vai além.
Que existem águas cristalinas e borbulhantes que nos fazem não afundar.
Que há areias brilhantes em rios, mais extraordinárias do que no fundo do mar.
Que espaços podem ser tão lindos pintados do que é natural.
Foram mais de mil quilômetros de aventura pelo Parque Nacional do Jalapão!
Obrigada Mucio Moura por nos apresentar esse paraíso, ainda antes de sair da novela das 9!
Nós queremos voltar lá contigo e com outros mais!
Quero agradecer imensamente ao Rondinelli Ribeiro que organizou a edição do Workshop Enredo de Palmas, TO, que possibilitou que nós pudéssemos conciliar com as férias do Josias da Faculdade.
E não posso deixar de falar do querido Mauro,
dono da Agência Bicudo Turismo e da Pousada do Bicudo que nos recebeu na primeira noite e organizou todo o nosso roteiro entre tantos lugares especiais.
Nada como estar em contato com pessoas que amam o que fazem!
Fotografias: Aline Evelin, Josias Mazzurana e Laura M Z Kradichi
Edição: Aline Evelin
Tour pelo Jalapão: Bicudo Turismo
Guia: Geovanne Messias
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